Higiene Oral nos primeiros Anos de Vida, pela Odontopediatra @dra_beatrizbarros
Higiene Oral nos primeiros Anos de Vida
A higiene oral nos primeiros anos de vida é crucial para prevenir problemas dentários, como a cárie. Contudo, muitos pais ainda têm dúvidas em relação aos cuidados de saúde oral do bebé:
Quando é que devemos iniciar a higiene oral?
Antes dos primeiros dentes erupcionarem é importante ter alguns cuidados de higiene oral, como limpar as gengivas e bochechas com uma compressa humedecida em água ou toalhitas próprias quando existir uma grande acumulação de leite na cavidade oral.
Assim que ocorre a erupção do primeiro dente de leite, deve iniciar a escovagem com uma escova de cerdas macias e pasta fluoretada, duas vezes por dia (uma de manhã e outra à noite, antes de dormir). Não se esqueça de afastar os lábios e as bochechas quando escova os dentinhos do bebé/criança, desta forma consegue escovar bem os dentes junto da gengiva.
Apesar destes dentes serem temporários, eles são muito importantes e devem ser tratados com os mesmos cuidados dos dentes permanentes. Para além disso, cuidar bem dos dentes de leite promove hábitos saudáveis de higiene oral desde cedo.
Os pais devem ser os responsáveis pela higiene oral até a criança adquirir destreza suficiente e conseguir realizar a técnica de escovagem de forma eficaz. A partir do momento em que consigam ter autonomia (por volta dos 8/10 anos), os pais devem continuar a supervisão da escovagem, principalmente à noite.
Então, para que servem as dedeiras?
As dedeiras são de silicone e, por esse motivo, não conseguem realizar a remoção de placa bacteriana de forma eficaz. Estão indicadas para massajar as gengivas, aliviando o desconforto causado pela erupção dentária. Promovem, ainda, a dessensibilização e estimulação oral resultando numa maior recetividade à escova e pasta. Assim que nasce o primeiro dente de leite, deve usar uma escova com uma cabeça pequena e cerdas macias.
Como escolher a pasta de dentes e que quantidade usar?
Existem várias opções no mercado. Quando compramos uma pasta para crianças devemos ter em conta a quantidade de flúor e não a idade. Nem todas as pastas têm a quantidade de flúor necessária para as diferentes etapas de desenvolvimento. Também é importante ter em conta o sabor, pastas com um sabor agradável são mais facilmente aceites pelas crianças e incentivam a escovagem.
0-6 Anos |
A partir dos 6 Anos |
Até +/- aos 6 anos, altura em que as crianças apresentam apenas a dentição “de leite”, a pasta deve ter 1000 ppm de flúor. |
A partir dos 6 anos começam a erupcionar os dentes definitivos e, por isso, a pasta de dentes deve conter um pouco mais de flúor. Nesta fase devemos optar por uma pasta com 1450 ppm de flúor. |
Para além de termos o cuidado de utilizar pastas com quantidade de flúor adequada é preciso ter atenção à quantidade de pasta que colocamos na escova. Ao colocar quantidades adequadas para cada idade, estamos a limitar o consumo de flúor e, desta forma, prevenir a fluorose.
0 – 3 Anos |
3 – 6 Anos |
A partir dos 6 Anos |
Meio grão de arroz cru |
Um grão de arroz cru |
Tamanho de uma ervilha |
Sabia que não deve bochechar com água no final da escovagem? Deve cuspir apenas o excesso. Se bochechar com água vai eliminar todo o flúor e o tempo da escovagem não é o suficiente para o flúor conseguir ter a sua função.
As crianças também devem usar fio dentário?
Devem sim! Assim que existam dois dentes a contactar deve passar o fio dentário, uma vez por dia antes da escovagem. Para facilitar o seu uso, pode usar o fio com aplicador. A utilização do fio vai permitir remover restos alimentares entre os dentes prevenindo o aparecimento de cáries interdentárias.
Quando é que eu devo trocar a escova?
A escova de dentes deve ser trocada de 3 em 3 meses. Sempre que o bebé ou a criança fique doente deve esterilizar a cada utilização e trocar assim que fique bem.
Qual é a importância dos dentes de leite?
A forma como os dentes de leite encaixam uns nos outros é crucial para o correto crescimento e desenvolvimento orofacial do bebé e criança.
Os dentes decíduos guardam o espaço necessário para a erupção dos dentes definitivos. A perda precoce de um dente de leite pode levar à falta de espaço na arcada dentária, dificultando ou impossibilitando a erupção do dente permanente. Assim, estes dentes servem de guia para a erupção e correto posicionamento dos dentes definitivos.
Por outro lado, a cárie dentária evolui mais rapidamente nos dentes de leite promovendo o aparecimento de infeções que, por sua vez, originam dor e alterações na mastigação.
Infeções e/ou traumas nestes dentes podem induzir lesões irreversíveis nos dentes definitivos, como alterações de cor, forma e posicionamento na boca.
As consultas semestrais são muito importantes para detetar precocemente qualquer tipo de infeção, trauma ou alteração na dentição decídua. Desta forma, conseguimos minimizar o impacto destas alterações e promover um correto crescimento e desenvolvimento orofacial.
Artigo escrito por:
Dra, Beatriz Barros, especialista em Odontopediatria
Cédula 11384
@dra_beatrizbarros