Eritema da Fralda

Eritema da Fralda

Desconhece-se a prevalência exacta do eritema da fralda (ou asssadura da fralda ou dermatite da fralda), mas estima-se que afecte entre 25 a 65% das crianças, sobretudo entre os 6 e os 12 meses de idade. O papel preciso das fraldas permanece desconhecido. No inicío do século XX, acreditava-se que a amónia libertada na urina, fosse a responsável pela dermatite. Actualmente, acredita-se que a dermatite se deve a um conjunto de factores, tais como, hiperhidratação, fricção, temperatura, irritantes químicos, urina e fezes.

As Fraldas

Apesar do termo “eritema da fralda”, a fralda por si só, muito raramente está implicada no desenvolvimento de dermatites de contacto irritativas ou alérgicas em crianças.

A introdução no mercado de fraldas descartáveis, extremamente absorventes com capacidade de absorção muito superior às fraldas de pano, contribuiu significativamente para a melhoria dos cuidados de higiene.

As fraldas descartáveis modernas possuem 3 camadas: uma interna que funciona como filtro, uma intermédia com capacidade para absorver de líquidos, e finalmente, uma externa à prova de água. Esta última camada previne a transpiração e dessa forma aumenta a temperatura e humidade local, tendo um papel fundamental na impermeabilidade da fralda. Por outro lado, as fraldas modernas são mais oclusivas, ou seja impedem a pele de “respirar”. 

 

Fezes / Urina

Apesar da amónia (libertada na degradação bacteriana da ureia da urina) não ser a principal causa de dermatite das fraldas, pode actuar como um factor agravante numa pele previamente sensível. É provável também que outros produtos resultantes da degradação da urina, ainda não identificados, desempenhem um papel importante no desencadeamento da dermatite. Além disso, as fezes das crianças contém quantidades importantes de enzimas que, quando em contacto prolongado com a pele coberta pela fralda, causam alterações importantes na barreira cutânea.

 

Fricção

A fricção da pele com a fralda durante os movimentos da criança, embora não seja um factor dominante é no mínimo um factor de predisposição. Este facto é apoiado pela predilecção desta dermatite pelas superfícies convexas (genitais, nádegas, parte inferior do abdomen e área proximal das coxas) e pelo não atingimento das pregas, conhecida também por dermatite em forma de “W”.

 

Hidratação

O ambiente de hiperhidratação é causado não apenas pelas fraldas, mas também pela ureia urinária e por certas situações clínicas como febre.

Apesar das fraldas modernas conterem material absorvente que reduziu significativamente a humidade da área da fralda, o "ambiente tropical”, quente e húmido não foi ainda completamente eliminado.

A hidratação excessiva é responsável por maceracação cutânea que leva posteriormente a alterações da função de barreira da pele, criando o ambiente ideal para a proliferação de microrganismos.

 

Temperatura

A fralda dificulta a transpiração da pele subjacente, levando a um aumento da temperatura local. Este aumento leva a vasodilatação e consequentemente a inflamação.

 

Aspectos Mais Clínicos

O zona afectada apresenta-se vermelha, com aspecto brilhante, “envernizado”, que varia de intensidade ao longo do tempo. Por vezes pode apresentar descamação e inchaço (edema). Atinge tipicamente as áreas de maior contacto com a fralda “dermatite em W", superfícies convexas das nádegas, coxas, parte inferior do abdomen, pubis, grandes lábios e escroto. As pregas são poupadas. Quando o eritema começa a resolver, a pele torna-se enrugada com aspecto apergaminhado.

Em crianças com menos de 4 meses de idade, a primeira manifestação pode ser um ligeiro eritema perianal.


Fraldas Descartáveis versus Fraldas de Pano

As fraldas descartáveis ultra-absorventes são as que possuem maior capacidade de manter a área da fralda seca. Estudos demonstraram que as fraldas descartáveis provocam um número significativamente menor de eritema. Apesar disso, vários especialistas dão preferência às fraldas de pano pela menor oclusão que estas provocam.

 

Higiene diária

A higiene da área da fralda com água morna e algodão /compressas de tecido não tecido, sem recorrer a sabonetes, é suficiente na limpeza diária. Quando são utilizados sabões suaves, estes não deverão ser aplicados mais do que 2 vezes por dia 1. Em alternativa pode utilizar um água de limpeza sem sabão. Apesar dos toalhetes de limpeza serem práticos e libertarem um cheiro agradável, não são recomendados pela maioria dos especialistas.

 

Na muda de fralda

A fralda deve ser mudada com regularidade, mesmo que não esteja muito “cheia”. Após cada muda de fralda, deverá ser aplicada uma pasta protectora ou um emoliente. As pastas são constituídas pela mistura de pós ( ex: óxido de zinco, amido, dióxido de titânio) com gorduras (ex: vaselina e parafina). Aderem bem à pele, têm boa capacidade de absorção e reduzem a maceração. Não precisa de aplicar em grande quantidade, não se esqueça do problema da superhidratação. O pó talco deve ser evitado.

 

Tratamento

O tratamento deve ser prescrito por um médico. Consultas fidedignas pela internet, por enquanto, só nos filmes. Por isso, deve consultar um Pediatra, um Dermatologista ou um Médico de Medicina Geral e Familiar.

  

Rocha N, Selores M. Dermatite das fraldas. Revista do Hospital de Crianças Maria Pia 2004;13:206-214

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